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Kit LEGO para a Alma Desbloqueada


Atualizado: 30 de abr.


(Instruções: 1) Desmonte o sistema 2) Remonte com peças de cachorro, amigos e silêncio)


Há momentos em que a mente parece um deserto, as ideias não fluem, os projetos resistem, e tudo soa como um eco vazio, mas o inconsciente sabe, está lavrando o que você ainda não pode colher.


Então, paro.

Deixo o superego gritar no deserto.

Observo: Há uma sabedoria escondida no cansaço da mente quando as ideias se recusam a nascer. Não é preguiça, não é fracasso, é o solo em pousio (a pausa que nutre o futuro da lavoura). A terra precisa às vezes de silêncio para reter o que será colhido.


E então, simplesmente amo.

Sem pressa, sem exigência. Não o amor grandioso, performático, mas o que se revela nos gestos miúdos:

  • O cachorro que pressiona o focinho no seu pé como quem diz: "Estou aqui, e isso basta;”

  • Meus amigos, que convido a sujarem meu ateliê— um espaço sagrado onde o sério e o banal se misturam — e deixo entrar seus espelhos tortos: Eles trazem terra sob as unhas para meu chão estéril de perfeição.

    - O que ri da minha pose de gênio sofrido, mostrando o absurdo do meu ideal do eu escorrendo tinta no chão.

    - O que corta meu discurso com um "pra quê?" quando explico minha obra-prima, e de repente a justificativa soa como defesa de tese diante de pardais
— que bicam migalhas de significado.

    - O que invade com verdade ou desafio,
e no meio da gargalhada me entrega de volta um fragmento de mim, aquele que perdi na última madrugada de crise criativa entre rascunhos amassados.


    O simples ato de perceber a vida sem querer capturá-la para transformá-la em arte.

    Nesse momento, algo se desbloqueia por entrega, não por força: o amor vira uma chave, a criatividade volta não como conquista, mas como efeito colateral de estar demasiadamente vivo.


    O segredo talvez seja este: A mente criativa é ecológica. Precisa de afeto como raízes precisam de humidade. Quando você ama sem objetivo, restaura o fluxo. O amor limpa os olhos, e o que parecia bloqueio revela-se apenas respiração — o silêncio necessário antes da próxima criação.


A criatividade volta não como conquista, mas como efeito colateral de estar demasiadamente vivo.
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O TUTORIAL IRONICAMENTE SECRETO:


  1. Passo 1.: Desmonte o sistema (suas certezas, a pressão por produtividade, o mito do gênio solitário).

  2. Passo 2.: Remonte com peças de cachorro, amigos e silêncio (Troque "Estou bloqueado" por "Estou em pousio" (até o deserto tem ecossistemas invisíveis).

  3. Passo 3: Deixe o amor decifrar raízes enquanto o mundo conta batatas (produtividade tóxica).


A criatividade não é um Lego com manual de instruçõesblocos pré-moldados nunca deixam espaço para o acidente brilhante, é a arte de sabotar a fábrica de ilusões. Desmontar o obsoleto. Remontar com o que sobra:


  • Peças perdidas (memórias que germinam no escuro)

  • Peças quebradas (fracassos que viram adubo para o próximo cultivo)

  • Peças emprestadas (amigos que chegam com martelos e cola, devolvendo seus cacos como mosaico)


E assim, o pousio se revela: o descanso não é fim, é a terra girando devagar para que tudo possa renascer.



 
 
 

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Laboratório das Palavras Alquímicas. Rua dos Limiares, Entre-Lugares, Código de Entrega Poética, BRASIL

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